Viramundo I 1965

by/por: 
Geraldo Sarno
Translated by: 

Geraldo Sarno's Viramundo (1965) is a landmark documentary in Brazilian cinema. The film is a pioneering look at the rural exodus from the Northeast towards the large urban centers - specifically the city of São Paulo. Not by accident, it opens with an image of the painting Retirantes, a work by Cândido Portinari, made in 1944. This is perhaps the most famous Brazilian visual representation of the scourge of hunger and misery that pulls the northeasterners from the countryside to the big urban centers, from the northeast to the southeast. And it is precisely on the arrival of these migrants in São Paulo that the film begins. Through direct sound interviews, we learn the reasons that impelled Northeasterners to migrate south. At the same time, we see what keeps them trapped in misery: low salaries, layoffs, and lack of qualifications. We witness their daily lives, their religious activity, their toils… And, forming a cycle, the film ends with one of the migrants returning to his hometown to once again work in agriculture while new Northeastern migrants disembark at the São Paulo station.

Viramundo is a sociological study about a phenomenon that runs through the modern history of Brazil. Viramundo was also one of the inaugural films of the Caravana Farkas, which, along with Paulo Gil Soares' Memória do Cangaço, Manuel Horácio Gimenez' Nossa Escola de Samba and Maurice Capovilla's Subterrâneos do Futebol, composed the feature film Brasil Verdade, released in 1966.

Viramundo (1965), de Geraldo Sarno, é um marco no documentário brasileiro. Pioneiro no tema, o filme trata do êxodo rural nordestino em direção aos grandes centros urbanos - especificamente a cidade de São Paulo. Não à toa, ele abre com a imagem da pintura Retirantes, obra de Cândido Portinari feita em 1944. Esta é talvez a mais famosa representação visual brasileira do flagelo da fome e da miséria que tangem o nordestino da zona rural para os grandes centros urbanos, do nordeste para o sudeste. E é justamente na chegada desses migrantes a São Paulo que o filme começa. Em entrevistas feitas em som direto, ficamos sabendo de algumas razões que os impeliram à migração. Ao mesmo tempo, vamos vendo os motivos que os mantêm presos à miséria: baixos salários, demissões, falta de qualificação. Tomamos contato com o cotidiano, a religiosidade e as agruras desses migrantes… E assim, de forma cíclica, o filme se encerra com um deles voltando para sua terra natal para tornar a trabalhar no campo enquanto novos migrantes nordestinos desembarcam na estação.É um estudo sociológico acerca de um fenômeno que atravessa a história moderna do Brasil.

Além disso, Viramundo foi um dos filmes inaugurais da Caravana Farkas, vindo a compor - em conjunto com Memória do Cangaço, de Paulo Gil Soares, Nossa Escola de Samba, de Manuel Horácio Gimenez e Subterrâneos do Futebol, de Maurice Capovilla - o longa-metragem Brasil Verdade, lançado em 1966.